Vera Pinheiro
A Roda do
Ano, representada por oito Sabbats, sincroniza a energia humana com as Estações
do Ano, ou seja, com os ciclos do planeta Terra, e descreve o Caminho do Deus Sol
durante o ano: nascimento, crescimento, união com a Deusa e, finalmente, seu
declínio e morte. Da mesma forma que o Sol nasce e se põe todos os dias e assim
como a primavera faz a Terra renascer após o inverno, esse ciclo nos mostra que
a morte é apenas um ponto no ciclo infinito de nossa evolução e que é necessária
para o renascimento do útero da Grande Mãe.
As celebrações anuais da Roda do Ano honram os
Deuses, os espíritos da natureza e os antepassados. Durante os festivais,
agradecemos e pedimos proteção, saúde, prosperidade, fertilidade, inspiração e
paz aos Deuses e Deusas que comandam tais mudanças.
O Ano Celta dividia-se em duas metades: uma clara e
quente e outra escura e fria, associadas ao verão e ao inverno e classificadas
como Festivais do Fogo (Samhain,
Imbolc, Beltane e Lughnasadh/Lammas) e
Festivais Solares (Solstício de Inverno e Verão, Equinócio de Primavera
e Outono).
O
Ano Novo Celta se inicia no Samhain, que significa “Sem Sol”, referindo-se ao
tempo de inverno. Litha, Solstício de Verão (Midsummer), é celebrado no
dia 21 de junho no hemisfério norte, e é quando a Deusa e o Deus estão vivendo
o êxtase de sua união, enquanto a natureza comemora com a beleza das flores e a
abundância dos frutos. O casal sagrado está pleno de promessas e os rituais
visam nutrir e fortalecer a nova vida no ventre humano, animal e no ventre da
própria natureza.
O amor entre o
Deus e a Deusa atinge seu clímax neste Sabbat, e a exuberância da natureza
significa o orgasmo cósmico. A atmosfera reinante em Litha é de plenitude,
realização, manifestação e mudança. Todos os desejos podem ser realizados, pois
o Deus e a Deusa estão cheios de possibilidades e a força vital está em seu
auge. A Deusa, radiante e plena, floresce por toda a parte e, em breve, do seu
ventre nascerão as colheitas. O alegre e vibrante Deus Verde da Vegetação está
na plenitude de seu amor pela Deusa e, ao amadurecer, iniciará a sua jornada
para o mundo subterrâneo.
O
Solstício de Verão era celebrado pelos antigos povos - principalmente os
celtas, escandinavos e saxões - como o auge da trajetória anual do Sol. Neste
dia, considerado o mais longo e claro do ano, o nascer e o pôr-do-sol alcançam
seus pontos máximos ao norte da linha do horizonte, marcando o auge do verão.
Em Litha o poder e a força da natureza
chegam ao seu ponto mais alto. A Terra está repleta e abundante com a
fertilidade da Deusa e do Deus e fogueiras são acesas para homenagear a energia
do Sol, que atinge seu ápice: esta é a noite mais curta e o dia mais longo do
ano.
O auge da luz solar marca o poder máximo
do sol, mas prenuncia, também, o começo do seu declínio, quando o Deus Solar
mergulha nas profundezas da escuridão. Esse paradoxo nos lembra que a mudança é
a essência da vida, carregando dentro de si a semente do seu oposto, e é por
isso que Litha, o Solstício de Verão, assinala o início da metade escura do
ano, explica Mirella Faur, pesquisadora, escritora e sacerdotisa da Grande Mãe.
Quando o Hemisfério Sul passa pelo
Solstício de Verão – evento que marca o início desta estação – quem vive no
Hemisfério Norte da Terra está passando pelo Solstício de Inverno, considerado
o dia com a noite mais longa do ano. O solstício de Verão pode acontecer no dia
21 ou 22 de dezembro, dias em que a radiação solar incide de forma vertical
sobre o Trópico de Capricórnio.
O Brasil está localizado no Hemisfério
Sul, enquanto a Europa e os Estados Unidos, dentre outros, fazem parte do
Hemisfério Norte. Em países do
Hemisfério Sul, como é o caso do Brasil, o Solstício de Inverno acontece
normalmente no dia 21 de Junho, quando o Sol atinge a maior declinação de acordo com a linha do Equador.
O Solstício acontece graças aos
fenômenos de rotação e translação do planeta Terra, pois graças a eles a luz
solar é distribuída de forma desigual entre os dois hemisférios. O Solstício de
Inverno significa que a luz do sol não incide com tanta intensidade no
hemisfério em questão. São fenômenos opostos dependendo do hemisfério em que um
determinado país se encontra. Por esse motivo, quando é inverno no Brasil
(Hemisfério Sul), é verão na Europa e nos Estados Unidos (Hemisfério Norte).
No Hemisfério Sul, é comum que se desloquem estas festas por seis
meses para coincidir com as estações locais. A Teia de Thea optou por seguir a tradição celta, de que se originam os Sabbats que ocorrem oito vezes ao ano, levando-se em conta a
posição da Terra com relação ao Sol, divididos em Equinócios e Solstícios.
Entendemos
que a Roda do Ano é o calendário que simboliza a concepção de
tempo dos pagãos e
principalmente a dos Celtas, um tanto quanto diferente da atual, semelhante
ao zodíaco.
Eles não viam o tempo de forma linear, mas circular, cíclico, e seus
calendários levavam em conta não só o ciclo solar como é o nosso, mas também o
ciclo lunar e é nessa egrégora que vibra a Teia de Thea. Essa é a explicação
para realizarmos o Solstício de Verão em junho.
Na noite de
Midsummer (o Solstício de Verão), fadas, duendes e todos os elementais correm
pela terra, celebrando o fervor da vida. Nos tempos antigos, a data era
comemorada geralmente com jogos e festivais, homenageando os Seres da Natureza
e as Divindades do Solstício, depois substituídas pelas populares e folclóricas
festas juninas com danças ao redor de fogueiras. Nessa
noite de Grande Poder Mágico, é costume acender uma grande fogueira, continuando a Tradição de
Beltane, e pular sobre ela para livrar-se dos infortúnios e da negatividade.
As
antigas culturas europeias começavam as celebrações ao nascer do Sol, no
primeiro dia do signo de Câncer, saudando Deuses Solares (Baldur, Lugh e Dagda)
e Deusas Solares (Grainne, Sunna, Sol, Sundy Mumi, Paivatar, Saule), e
continuavam com festejos, cantos e danças até a noite, quando eram acesas
inúmeras fogueiras nas colinas e nos campos.
Mirella Faur conta que era costume também rolar
colina abaixo uma roda de fogo, feita de galhos ou barris com piche,
simbolizando o disco solar e purificando, em seu percurso, as vibrações
negativas dos campos e lavouras. Tochas acesas eram carregadas em procissões
para “limpar” as casas e aldeias, trazendo, assim, saúde e prosperidade. O gado
também era passado por entre duas fogueiras acesas, afastando doenças e
aumentando a fertilidade, enquanto casais de namorados pulavam juntos a
fogueira para atrair e garantir a permanência e fidelidade de seu amor. As fogueiras
permaneciam acesas durante toda a noite e as pessoas dançavam ao seu redor,
cantando e bebendo hidromel e vinho aromatizado com ervas solares.
Essas festividades, ditas
pagãs (paganus sendo a palavra romana que designava o homem do campo),
persistiram até a Idade Média, camufladas sob a forma de feiras - agrícolas, de
artesanato, esportivas ou artísticas - para evitar a perseguição da Igreja. Até
que, em 1985, o Grande Festival de Stonehenge foi proibido. Considerado uma
continuação de uma antiga feira medieval - que por sua vez era a reminiscência
das Celebrações Druidas - a participação pública neste evento foi proibida
(devido à erosão do solo e ao vandalismo dos visitantes), sendo reservado
apenas às Ordens e Círculos Druídicos atuais.
Depois de ficar fechado
por alguns anos, Stonehenge reabriu para o solstício de verão em 1999. O evento
agora atrai mais de 20 mil visitantes que desejam ficar acordados para ver a
alvorada lado a lado com os druidas vestidos de túnicas brancas. As pessoas se reúnem
durante a noite no círculo de menires para ver o sol subir em alinhamento com
duas pedras no círculo externo e dançam ao som de tambores e músicas variadas.
Ocasionalmente é permitido o acesso fora desta data com a devida supervisão
para evitar estragos aos menires.
No momento do solstício
recomenda-se fazer afirmações ou rituais para a saúde, justiça, sabedoria,
verdade e paz. Segundo os Druidas, os primeiros raios do Sol nascente do dia do
Solstício de Verão são a manifestação visível da descida do Espírito na
matéria. O dia do Solstício também é considerado favorável para o recolhimento
de ervas, preparação de água cromodinamizada, confecção e imantação de talismãs
e amuletos, além de oferecimento de cereais, agradecendo a luz solar ao Avô Sol
e as dádivas da Mãe Terra.
A planta dedicada a este
Sabbat é o hipericão (Erva de São João), que era colocado embaixo dos
travesseiros para intensificar os sonhos ou, sob a forma de guirlandas, ser colocado
no telhado das casas para atrair boa sorte. Com a cristianização, o Deus Baldur
foi sincretizado à figura de São João e as celebrações pagãs foram
transformadas em festas juninas, podendo-se, então, usar o sincretismo e
utilizar a Erva de São João, já que o hipericão não é cultivável no Brasil.
Mirella Faur observa que na
mitologia grega, nesta data, a deusa Perséfone atingiu sua plenitude de mulher
(celebrada no Sabbat Beltane, de 30 de abril) e entrou no labirinto que a levou
ao mundo subterrâneo, reino de seu esposo Plutão e da deusa Hécate. Segundo a
lenda, sua descida inicia-se à medida que a força do Sol declina e a luminosidade
dos dias diminui (no Hemisfério Norte).
Com o intuito de
enriquecer sua vida moderna e tecnológica com o encanto dos antigos rituais,
aproveite esta data e faça seu próprio ritual. Acorde cedo e, em jejum, saúde o
Sol no momento exato em que ele se eleva acima da linha do horizonte, entoando
- de acordo com a sua intuição - uma oração para um Deus ou uma Deusa Solar,
pedindo saúde, sorte, sucesso nas suas realizações, luz para a mente dos
governantes, paz ao seu redor e no mundo.
Olhe rapidamente para o
disco solar, feche os olhos e inspire a energia dourada, trazendo-a para seu
chacra solar. Em seguida, acenda uma vela dourada ou amarela e coloque-a em uma
vasilha de vidro, despejando, depois, água mineral ao seu redor, cuidando para
não apagar a vela. Toque um gongo ou sino, tome três goles de água mineral,
expressando um desejo para cada gole. Medite, olhando a vela, sobre o que você
precisa clarificar em sua vida, como se renovar ou fortalecer sua saúde. Apague
a vela com os dedos (não assopre) e guarde-a para acendê-la quando se sentir
enfraquecida ou desvitalizada. Despeje a água sobre a terra ou em um vaso de
plantas como oferecimento à Mãe Terra.
Em seguida, defume sua
casa e prepare água solarizada (água com uma drusa de cristais de rocha
magnetizada com os raios solares). Coloque alguns galhos de erva de São João
embaixo de seu travesseiro e peça aos Anjos e Deuses Solares que lhe enviem
informações, intuições ou mensagens que lhe ajudem a fortalecer sua saúde,
vitalidade e desempenho pessoal. E, ao participar de uma festa junina,
lembre-se das antigas celebrações e pule sobre a fogueira para se purificar ou,
junto a seu parceiro(a) ou companheiro(a) para reforçar os laços de amor.
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