Vera Pinheiro
No
dia 8 de setembro, a Espanha celebra Arian, deusa da abundância de bens
materiais, da paz e do bem estar, dons que concede a seus fieis, e companheira
de Vosegus (às vezes Vosagus ou Vosacius), deus
celta da caçada e da previsão. A deusa Arian é a equivalente celta da Isis
egípcia, do mesmo modo que Vosegus é o equivalente celta do deus Osíris. Em
ambos os casos, os deuses célticos somente nos mostram os aspectos materiais
dos deuses egípcios, não os seus aspectos filosóficos e matemáticos, no caso de
Arian combinados com as influências dos arianos da Pérsia no muldo
celta.
A
relação fonética entre “arianos” e “ariana” é bastante evidente. “La Anjana”
celta-espanhola trocou a letra “r” por “n”, mas concede a seus devotos o mesmos
atributos ou dons da deusa Arian. A relação dos Arios, modernamente chamados de
“Indoeuropeus”, com os celtas não está academicamente documentada, mas é
uma evidência percebida quando nos remontamos ao tempo dos Magos da Pérsia, que
são anteriores ao Zoroastrismo, e o comparamos com os druidas do povo celta,
que eram e são magos.
E o que tem a ver prosperidade com os
atributos dessa deusa? A prosperidade está intimamente ligada à
abundância e seus conceitos, interligados, se cruzam.
Prosperidade (do latim prosperitate) refere-se à qualidade ou estado de próspero,
que, por sua vez, significa ditoso, feliz, venturoso, bem-sucedido, afortunado
(Novo Dicionário Eletrônico Aurélio, versão 5.0, e Dicionário
Houaiss da língua portuguesa, 2001.). Também pode designar um período de
ascensão econômica e desse modo
conectado a uma sociedade otimista que goza de riqueza. Abundância significa grande quantidade,
opulência, riqueza, fartura.
Do
que precisamos para nos considerarmos prósperos? Esse é o aspecto intangível da
reflexão que a Deusa Arian nos traz. Prosperidade é um conceito baseado no
quantum material ou algo medido pela felicidade da alma diante de um desejo
realizado? É uma meta de vida? Um propósito individual? A que
sacrifícios e riscos estamos dispostos a nos submeter para alcançar
a almejada prosperidade?
Se
considerarmos a quantidade de bens que a mãe Natureza nos oferece, somos ricos,
prósperos e felizes em incomensurável dimensão! Mas precisamos de olhos, de
coração e de um sentimento de gratidão para ver e reconhecer tantas benesses
que a vida nos traz. E vida é a Deusa magnificamente em nós, quando nos percebemos
partes da mesma unidade divinal e nos tomamos de extrema gratidão pela
generosidade da Divina Mãe. O imaterial, subjetivo, etéreo, é espiritualmente
elevado, porém não se pode tocar por não pertencer ao mundo material.
O
aspecto tangível da reflexão que a Deusa Arian nos proporciona é avaliar a
nossa relação individual com a prosperidade ou com o avesso dela. Tudo começa
em nós, e isso não é uma exceção! Uma pessoa corroída pela culpa não
atrai prosperidade, porque se especializa em promover autossabotagem e encontra
modos de se punir por meio de dificuldades financeiras e problemas com a
própria subsistência. A pessoa não se julga merecedora de uma vida próspera,
por isso sempre arruma um jeito de causar danos financeiros, inclusive
usando os recursos de que dispõe, por exemplo, dinheiro e crédito que tem, mas
usa sem cautela e abusivamente, de modo que se embrenha em problemas
financeiros que poderia ter evitado, não fosse a punição que deseja aplicar a
si mesma.
Por
culpa, a pessoa julga não merecer aquilo que deseja. Ou seja, deseja, mas não
se permite alcançar, travando as suas capacidades de criar e gerenciar uma vida
próspera. Isso se reverte quando reexamina aquela determinada
circunstância geradora da culpa não para encontrar outro culpado, mas para
exercitar o triplo perdão: o que pratica em relação ao caso, a si e a
todos os envolvidos, reconhecendo com gratidão o aprendizado que disso
pode extrair, ressignificando o acontecimento para inaugurar uma vida realmente
nova... e próspera!
Às
mulheres, por séculos, foram impingidas culpas desnecessárias, que se
arrastaram por gerações oprimidas e sofredoras, sem direito à plenitude da
felicidade, do prazer e da prosperidade. Atravessamos eras em que a gestão da
vida material – e da prosperidade – se restringia aos homens e,
se tínhamos renda própria, era apenas para “os alfinetes”.
Tornamo-nos reféns da cultura patriarcal, que submeteu as mulheres à escravidão
moral e intelectual, subservientes ao domínio masculino. E a culpa – do que
fosse! – foi reforçada para tirar o natural poder feminino. Até mesmo as
características femininas se tornaram motivo de culpa: sensibilidade virou
defeito, beleza ganhou ares de futilidade, sexualidade assumiu conotação de
pecado. Inteligência, então, demorou a ser vista como atributo
feminino, eis que o conceito gravitava em torno dos homens. No máximo diziam
que “atrás de um grande homem existe uma grande mulher”. Atrás, claro.
Graças
à incansável luta feminina, ganhamos espaço, voz e decisão, e pudemos voltar a
exercitar o nosso poder, abafado por tanto tempo. Não voltamos ao matriarcado,
porque também evoluímos com a experiência da opressão. Não queremos os homens
contra nós, porque todas as guerras são estúpidas. Mas queremos, isso sim,
respeito e o nosso lugar na comunidade mundial, por merecimento e sem
culpas. Caminhando juntos em uma nova era, em que a unidade é percebida como
valor, porém sem privação à individualidade. Assim, de mãos dadas, encontramos
a prosperidade que almejamos. E, enquanto gastamos forças nos digladiando com a
nossa consciência, perdemos o foco daquilo que nos realiza, nos alegra, nos faz
prósperas materialmente também, por que não? Sem culpa!
A Deusa Arian
traz a abundância da prosperidade para as nossas vidas, mas para que isso se
realize é preciso que nos conectemos com a essência do nosso querer. O que
queremos? Quanto queremos? Um querer sem culpas! Porque é bom, porque nos fará
bem, porque nós merecemos! Precisamos acreditar realmente que o que nós
queremos é do nosso merecimento! Abrir as portas da prosperidade a partir do
desejo do coração, de um querer com força uterina, intenso, vibrante, forte,
espargindo luz, determinação, entusiasmo, vontade e ação. Afinal, não basta
querer. É preciso ir em busca do que queremos! A Deusa abre os caminhos, mas
não faz a caminhada por nós. Ela nos inspira o fazer, mas fazer depende de nós.
Ela nos dá os meios, mas nós temos que agarrá-los em nossas mãos e
transformá-los em realidade. Ela mostra as oportunidades, mas quem as
desenvolve somos nós. Ela tudo provê em termos de recursos, mas nos dá o livre
arbítrio de aceitar, recusar ou deixar que simplesmente os recursos se extingam
para abrir chance aos queixumes.
A
prosperidade, assim como a abundância e a riqueza, faz parte da felicidade, mas
não é a felicidade em si. Entretanto, ser feliz atrai prosperidade! Observemos:
a nossa vida é farta daquilo com que a gente se sintoniza. Se temos afinidade
com a alegria, a vida é alegre. Se o amor está em nós, o amor está presente
nela. Se somos pessimistas, o mundo é todo negatividade. E assim por diante,
basta examinar. Então, antes de nos queixarmos do que temos, do que somos e de
como vivemos, vamos avaliar com sinceridade o que atraímos em torno de nós.
Somos verdadeiros ímas do nosso querer! Se queremos ouvir a emissora X não
podemos sintonizar Y. Simples assim.
A
lei da atração se manifesta em todos os aspectos de nossas vidas, incluindo a
prosperidade, a vida financeira, os relacionamentos amorosos e, igualmente, a
energia que emanamos e que nos é devolvida, pelo menos, em igual medida. Ou
mais, nunca menos.
Um
querer orientado para a prosperidade não atrairá outra coisa senão
prosperidade. E se o nosso querer for sintetizado como “felicidade”, não basta.
É preciso dizer à Deusa Arian, que nos visita neste plenilúnio, o que realmente
nos faz felizes. Aprendamos a querer de forma clara, objetiva, sem rodeios. E
sem culpa, que isso se opõe à prosperidade! Uma vida próspera, com abundância
de bens materiais, paz e bem estar é o que Arian nos traz para o nosso
crescimento pessoal, para o desenvolvimento humano, para fluir e expandir a
consciência física e espiritual. Vamos entrar em sintonia com a Deusa
Arian no plenilúnio de setembro e sustentar a conexão com seus dons e
atributos, enquanto realizamos a vida com fé, ânimo e coragem, um triskelion de
poderosas palavras femininas. Como nós!
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