segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

A magia da gratidão (Lammas ou Lughnasadh)

Vera Pinheiro

Lammas, também chamado Lughnasadh, é o tempo da colheita e da celebração dos frutos do mistério da Natureza, e de dar graças pela generosidade da Deusa em seu aspecto de Rainha da Terra. Festa da primeira colheita, é o momento de agradecer aos Deuses por tudo o que colhemos, expressando a nossa gratidão por tudo o que vivemos, seja bom ou nem tanto, pois tudo na vida faz parte do nosso caminho evolutivo.
            Não se pode ser feliz sem conhecer a gratidão. Aliás, a felicidade é a expressão da gratidão em sua exuberante alegria e no extremo contentamento que a alma experimenta. Gratidão deve fazer parte da nossa rotina por toda a vida, todos os dias, de hora em hora e a cada minuto, pois é um sentimento renovador de esperanças e, ao mesmo tempo, um incentivo a novas conquistas e vitórias no cotidiano.
            A começar pelos pais, devemos ser gratos por todos os que passam pela nossa vida, até mesmo os que nos parecem desinteressantes ou não merecedores de nossa gratidão, nisso se incluindo os desafetos e inimigos, bem como quem nos aborrece com a sua presença e nos causa alívio quando se ausenta. Agradeçamos em vez de julgar, e sentiremos fluir nas veias a bênção divinal por esse gesto.
            Tenhamos gratidão por todos os bens a nosso dispor, e tudo é muito farto, basta olhar em volta e agradecer. O amor da Mãe Terra por nós é tamanho que a vida diariamente acorda em raios de luz, festejando o amanhecer de um novo dia, e nos oferta luares e estrelas na primavera, verão, outono e inverno. Embora sofra com a ação irresponsável de seus filhos, a Natureza se doa constantemente em flores e frutos, sementes e colheitas, animais e plantas, terra, água, fogo e ar. Mesmo que não descubramos qualquer outro motivo igualmente grandioso para nos alegrarmos, agradeçamos pela amorosa doação da Grande Mãe.
            O que nos acontece precisa de nossa gratidão também. Ainda que não compreendamos uma sucessão de acontecimentos que dilaceram as emoções e racham feridas em nosso ser mais profundo, agradeçamos! Nada é em vão, mesmo que não alcancemos de imediato o significado e a razão dos fatos. Em estado de gratidão, entreguemos as amarguras ao tempo, que traz entendimento, aceitação e faz serenar as dores, adormecendo-as lentamente até que elas saiam do foco de nossa atenção. O decurso do tempo nos desvia do sofrimento permanente pela lembrança viva do que doi.
            Pelos amigos e por amores, tenhamos muita gratidão! Os relacionamentos são luzes brilhantes que se acendem no caminho, e nos abençoam com crescimento e evolução. Mas não somente a esses. Agradeçamos aos que nos açoitaram o coração e o feriram, os que traíram a nossa confiança e estima, a quem não retribuiu na mesma medida e com igual sinceridade o amor e a amizade que devotamos. Todas as pessoas que cruzam por nós têm um propósito que, às vezes, sequer elas sabem, pois esse assunto está no conhecimento restrito do amor divino, do qual jamais devemos duvidar. Quem nos ajuda a ser feliz merece a melhor gratidão, mas não sejamos menos gratos com quem nos mostra a verdadeira essência que nos habita e que se revela quando de algum modo somos machucados.
            De manhã à noite, sempre que respirarmos, manifestemos a nossa gratidão por todos, por tudo e pelo Todo a que estamos integrados em unidade. Nossos passos estão cadenciados com o ritmo do caminhar de cada um nas veredas da espiritualidade. Cultivemos a gratidão por ser quem somos e a cada ser por aquilo que ele é. Gratidão sem fronteiras nem limites, sem medidas nem condicionamentos. Em extremado e gentil amor, agradeçamos sem julgar o merecimento. Gratidão! Gratidão! Gratidão! Essa é a grande magia do Sabbat Lammas.
        

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