segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

A sutil força do amor

Vera Pinheiro
            Ah, o amor... Queremos saber mais dele, aprender tudo sobre ele, conhecer todas as suas nuances, descobrir cada uma de suas tantas possibilidades! Um ritual para celebrar uma Deusa do Amor parece-nos perfeito para alargar a nossa compreensão sobre esse sentimento tão lindo e nutridor e para atender as nossas expectativas de sucesso amoroso. Mas o amor não se sujeita a teorias, vive pela prática constante e exercício persistente.
            Sob as bênçãos da Deusa Laima, quem já tiver um amor comemore a sua união criando com o seu parceiro um ritual pessoal para reverenciar o Deus e a Deusa interior, reforçando e selando, assim, os laços de amor, compreensão, apoio e colaboração recíproca. O ensinamento é da escritora Mirella Faur que, em seu “Anuário da Grande Mãe” (editora Alfabeto), acrescenta sugestão mágica para quem esteja passando por uma fase de frieza em sua relação: “Olhe para o céu e peça à estrela Sirius que ajude seu amor a renascer e a renovar-se”. Isso porque a data de Laima é consagrada também à estrela Sirius ou Sothis, da Constelação de Canis Major, chamada também de Canopis ou “Olho do Cão”. É mesmo um dia de energia amorosa, o 19 de julho. Em Roma, celebrava-se a união de Vênus, a deusa da beleza feminina e do amor, com Apolo, o belo deus regente da luz solar, das artes, da música, profecia, poesia, harmonia e cura. Não poderia ser ocasião mais propícia a vivenciar a sutil força do amor.
            Amor se aprende? Sim, se aprende pelo exercício de abrir o coração e de fechá-lo para o medo de amar. Amar é um verbo que se aprende deixando o amor tomar conta de todo o nosso ser, negando-o a influências contrárias a esse sentimento, como o são todas as energias baixas. A negatividade faz mal ao amor. A inveja também. A ansiedade estraga o amor. O comodismo também. Dominação não combina com amor. Subserviência também não.
            Amor limita-se a duas pessoas? Não, isso é uma escolha individual. Uma única pessoa pode amar todos os seres do universo como verdadeira irmandade e será o mesmo amor, de outro jeito. Devotar o seu amor a alguém vincula, cria laços. Amor entre casais, amor familiar, amor universal, tudo é a mesma energia expressando-se de maneiras diferenciadas. E o amor é tanto, e tão imenso em sua essência, que cabe a humanidade toda dentro dele, ao mesmo tempo em que, pela troca, se renova e se refaz a todo instante.
            Um ritual para uma deusa do amor dá certo? Tudo depende do ambiente – propício ou não – criado por nós em nossas vidas. As plantas nos ensinam que precisam de um terreno favorável ao seu germinar, por que o amor seria diferente, se tudo faz parte da mesma natureza? Se o nosso coração estiver inflamado pelo ódio, pelo rancor, por ressentimentos    , como há de o amor nascer nele e se manifestar? Antes, precisamos erradicar as dores antigas e abrir espaço para o amor, que traz um novo tempo.
            Amor tem de ser correspondido? Nem a gente precisa preocupar-se com isso. Amor é uma força tão grande que funciona como um bumerangue: vai e volta. Com a mesma intensidade e na mesma medida, devendo lembrar que esta é a lei do universo. O que acontece é que o amor que se entrega nem sempre vem de quem a gente espera, mas no caso não estamos falando de pessoas e, sim, do amor em si. Quem ama tem a resposta do amor que deu, mesmo que não seja daquela pessoa que recebeu. O que importa é compartir a energia do amor, que tem suas razões e seus mistérios.
            De que adianta amar sozinho? O equívoco está em dar um nome, um rosto, um corpo ao amor, que é muito maior do que qualquer pessoa. O amor é a energia vital que está acesa dentro de nós enquanto cumprimos a nossa trajetória sobre a face da terra. O amor é o que faz brilhar os olhos, mesmo que eles fiquem marejados de vez em quando. O amor é o que nos fortalece em meio aos desafios da existência. O amor é o que nutre o nosso espírito, que se originou da fonte criadora da existência, a Grande Mãe. Lembremo-nos da nossa condição de aprendizes nesta oportunidade de vida que recebemos: somos indivíduos comunitários, que precisam coexistir pacificamente com todos os seres do universo, pois tudo e todos são sagrados. O amor que tanto os humanos aspiram não está nos outros, portanto não adianta tentar encontrar fora o que está dentro de cada um. Amem-se primeiro e com tamanha dedicação que o cotidiano lhes seja leve, não importa o que aconteça. Amem todos os seres e conhecerão a harmonia. Amem simplesmente porque amar é bom e faz bem. Não se preocupem com a recompensa. Amar já é a melhor recompensa, pelas bênçãos que traz em forma de felicidade extremada à nossa vida.

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