segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Gafe!

Vera Pinheiro
Gafe é um acidente de percurso quando a gente sabe como proceder, mas a mancada é inevitável, simplesmente escapa. É um incidente que seria possível evitar, não fosse uma distração qualquer e... putz, já era. O que fazer? Nada a fazer. Se não der pra sair correndo rua afora, permanece, congela e encara a situação com a maior cara de “sinto muito, foi mal”. É melhor não tentar explicar a gafe, pois geralmente a agrava. Deixa quieto e espera que se esqueçam do acontecido.

          Hoje eu almoçava num restaurante self service. No início eu estava só, mas depois se sentaram um homem e duas mulheres. Conversavam animadamente à mesa e eu, quietinha na cabeceira, afinal, a conversa não era comigo.

          Lá pelas tantas, o coitado do homem está cortando a carne quando um pedaço voa fora do prato. Já aconteceu isso contigo também? Pois é. O pedaço quase parou no meu prato, tirou um fininho, mas passou rápido demais e... escanteio para o naco da bisteca do cara! Ele nem viu onde ela foi parar: coladinha nos meus pés. Mas eu não ia juntar do chão e perguntar: “É seu?”. Fiz que não vi e continuei comendo como se nada tivesse acontecido. Segurei o pranto de piedade pelo homem... e o riso. Pensei em contas a pagar, porque não tem coisa que me faça ficar mais séria do que isso. Broxadas que testemunhei me fazem rir, então nem penso nisso, senão ninguém me segura. Passo mal.

Espiei com o rabo do olho e vi o vermelhão intenso da cara dele. Tadinho. Ele se ocupava em recolher o arroz que fugiu do prato para a mesa, tudo esparramado sobre a toalha. Por que não chamou o garçom? A pior coisa é tentar consertar com as próprias mãos. Aquilo também!

Logo saí dali e fui para a fila pagar o meu almoço. Na fila ao lado, pessoas se serviam de café. Dali a pouco, uma mulher de uns 40 e poucos me olha e começa a fazer uma cara estranhíssima! Parecia querer dizer: “Fiz merda” ou “Fodeu geral”. Longe de mim pensar que a culpa fosse minha ou que aquela cara de quem vai começar a chorar tivesse a ver comigo. O problema é que ela olhava de um jeito muito estranho mesmo. Eu não sabia se falava com ela para perguntar se ela estava passando mal e precisava de ajuda ou se me calava, ou, talvez, ela houvesse soltado um pum na fila e queria disfarçar. Ah, vai saber os problemas por que passa um ser humano!

Parecia estar engasgada e eu já estava para cair de tapas nas costas dela quando um garçom passou no meio das duas filas e ela, finalmente, se atreveu a falar. “Moço, fiz uma coisa...”. Será xixi nas calças? Só pensei, claro, e continuei quieta, observando a cena. Ai, meus sais, por que as pessoas não vão direto ao assunto? Será que precisam mesmo das preliminares?

“Tudo bem, senhora. Eu dou um jeito nisso”. O garçom foi o máximo! Nem esperou que ela mostrasse o que fez, já entendeu tudo. Vai ver não era a primeira que desmontava a máquina de fazer café a jato...ou sei lá como se chama aquela cafeteira. Eu ainda prefiro que me sirvam café na mesa.

Não ouvi a mulher agradecer, mas espero que o tenha feito. Ei, volta aqui e te desculpa por teres me olhado com aquela cara de “socorro!”. Não gosto de levar sustos, porra! Nem posso!






O café derramado.


Como será que ela fez isso?!


O garçom deu um jeito e eu tirei uma foto!

2 comentários:

  1. Que situação a da bisteca voadora, hem? Já presencei fato igual e não dá pra segurar o riso. É uma situação tragicômica. Vou roubar a ideia de pensar em dívidas quando não puder manifestar as minhas risadas em situações como essa.
    Desmontar a cafeteira nunca tinha ouvido falar.

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  2. Amiga,
    Como diz o Guigui "quem fez essa meda (merda)?". Eu teria caído na gargalhada e feito a pessoa rir tb. E pq nao? Atire a primeira pedra quem não fez algo do gênero. Ri muito..
    bjka,
    Adriana

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