domingo, 28 de novembro de 2010

A sós

Vera Pinheiro
Todo mundo devia ficar a sós (um pouco, ao menos) para cultivar a própria companhia e saber como anda a relação íntima consigo mesmo. Ficar, estar ou ser só amplia o autoconhecimento, obriga a descobrir quem a gente é – ou o quê – e a se confrontar com a identidade do ser.

Eu preciso de alguma solidão, às vezes. Ela me faz bem. E diria que ela me é necessária.

Quando dou folga de mim às pessoas, ou se elas me dão folga, eu me recolho e me contemplo. Vendo-as de longe, geralmente mais desejo manter a proximidade. Ou não, em alguns casos. O afastamento e a solidão mostram quem e o quê realmente importa, quem e o quê nós queremos. 

Um dos problemas do convívio é não haver saudade. A saudade desvenda os mistérios do desejo. Se não sentimos saudade não temos razões para ficar perto.

Preciso ficar só para entender isso, às vezes. Mas a saudade que me consome, também às vezes, não tem o poder de trazer de volta quem partiu ou quem não quer voltar. E a vida segue, entre ausências, despedidas e solidão contemplativa.

Não é tão ruim ficar, estar ou ser só. Eu até gosto...

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