Vera
Pinheiro
Ah, o amor... Queremos saber mais
dele, aprender tudo sobre ele, conhecer todas as suas nuances, descobrir cada
uma de suas tantas possibilidades! Um ritual para celebrar uma Deusa do Amor
parece-nos perfeito para alargar a nossa compreensão sobre esse sentimento tão
lindo e nutridor e para atender as nossas expectativas de sucesso amoroso. Mas
o amor não se sujeita a teorias, vive pela prática constante e exercício
persistente.
Sob as bênçãos da Deusa Laima, quem
já tiver um amor comemore a sua união criando com o seu parceiro um ritual
pessoal para reverenciar o Deus e a Deusa interior, reforçando e selando,
assim, os laços de amor, compreensão, apoio e colaboração recíproca. O
ensinamento é da escritora Mirella Faur que, em seu “Anuário da Grande Mãe”
(editora Alfabeto), acrescenta sugestão mágica para quem esteja passando por
uma fase de frieza em sua relação: “Olhe para o céu e peça à estrela Sirius que
ajude seu amor a renascer e a renovar-se”. Isso porque a data de Laima é consagrada
também à estrela Sirius ou Sothis, da Constelação de Canis Major, chamada
também de Canopis ou “Olho do Cão”. É mesmo um dia de energia amorosa, o 19 de
julho. Em Roma, celebrava-se a união de Vênus, a deusa da beleza feminina e do
amor, com Apolo, o belo deus regente da luz solar, das artes, da música,
profecia, poesia, harmonia e cura. Não poderia ser ocasião mais propícia a
vivenciar a sutil força do amor.
Amor se aprende? Sim, se aprende
pelo exercício de abrir o coração e de fechá-lo para o medo de amar. Amar é um
verbo que se aprende deixando o amor tomar conta de todo o nosso ser, negando-o
a influências contrárias a esse sentimento, como o são todas as energias
baixas. A negatividade faz mal ao amor. A inveja também. A ansiedade estraga o
amor. O comodismo também. Dominação não combina com amor. Subserviência também
não.
Amor limita-se a duas pessoas? Não,
isso é uma escolha individual. Uma única pessoa pode amar todos os seres do
universo como verdadeira irmandade e será o mesmo amor, de outro jeito. Devotar
o seu amor a alguém vincula, cria laços. Amor entre casais, amor familiar, amor
universal, tudo é a mesma energia expressando-se de maneiras diferenciadas. E o
amor é tanto, e tão imenso em sua essência, que cabe a humanidade toda dentro
dele, ao mesmo tempo em que, pela troca, se renova e se refaz a todo instante.
Um ritual para uma deusa do amor dá
certo? Tudo depende do ambiente – propício ou não – criado por nós em nossas
vidas. As plantas nos ensinam que precisam de um terreno favorável ao seu
germinar, por que o amor seria diferente, se tudo faz parte da mesma natureza?
Se o nosso coração estiver inflamado pelo ódio, pelo rancor, por ressentimentos , como há de o amor nascer nele e se
manifestar? Antes, precisamos erradicar as dores antigas e abrir espaço para o
amor, que traz um novo tempo.
Amor tem de ser correspondido? Nem a
gente precisa preocupar-se com isso. Amor é uma força tão grande que funciona
como um bumerangue: vai e volta. Com a mesma intensidade e na mesma medida,
devendo lembrar que esta é a lei do universo. O que acontece é que o amor que
se entrega nem sempre vem de quem a gente espera, mas no caso não estamos
falando de pessoas e, sim, do amor em si. Quem ama tem a resposta do amor que
deu, mesmo que não seja daquela pessoa que recebeu. O que importa é compartir a
energia do amor, que tem suas razões e seus mistérios.
De que adianta amar sozinho? O
equívoco está em dar um nome, um rosto, um corpo ao amor, que é muito maior do
que qualquer pessoa. O amor é a energia vital que está acesa dentro de nós
enquanto cumprimos a nossa trajetória sobre a face da terra. O amor é o que faz
brilhar os olhos, mesmo que eles fiquem marejados de vez em quando. O amor é o
que nos fortalece em meio aos desafios da existência. O amor é o que nutre o
nosso espírito, que se originou da fonte criadora da existência, a Grande Mãe. Lembremo-nos
da nossa condição de aprendizes nesta oportunidade de vida que recebemos: somos
indivíduos comunitários, que precisam coexistir pacificamente com todos os
seres do universo, pois tudo e todos são sagrados. O amor que tanto os humanos
aspiram não está nos outros, portanto não adianta tentar encontrar fora o que
está dentro de cada um. Amem-se primeiro e com tamanha dedicação que o
cotidiano lhes seja leve, não importa o que aconteça. Amem todos os seres e
conhecerão a harmonia. Amem simplesmente porque amar é bom e faz bem. Não se
preocupem com a recompensa. Amar já é a melhor recompensa, pelas bênçãos que
traz em forma de felicidade extremada à nossa vida.
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