Vera Pinheiro
Lammas,
também chamado Lughnasadh, é o tempo da colheita e da celebração dos frutos do
mistério da Natureza, e de dar graças pela generosidade da Deusa em seu aspecto
de Rainha da Terra. Festa da primeira colheita, é o momento de
agradecer aos Deuses por tudo o que colhemos, expressando a nossa gratidão por
tudo o que vivemos, seja bom ou nem tanto, pois tudo na vida faz parte do nosso
caminho evolutivo.
Não
se pode ser feliz sem conhecer a gratidão. Aliás, a felicidade é a expressão da
gratidão em sua exuberante alegria e no extremo contentamento que a alma
experimenta. Gratidão deve fazer parte da nossa rotina por toda a vida, todos
os dias, de hora em hora e a cada minuto, pois é um sentimento renovador de
esperanças e, ao mesmo tempo, um incentivo a novas conquistas e vitórias no
cotidiano.
A começar pelos pais, devemos ser
gratos por todos os que passam pela nossa vida, até mesmo os que nos parecem
desinteressantes ou não merecedores de nossa gratidão, nisso se incluindo os
desafetos e inimigos, bem como quem nos aborrece com a sua presença e nos causa
alívio quando se ausenta. Agradeçamos em vez de julgar, e sentiremos fluir nas
veias a bênção divinal por esse gesto.
Tenhamos gratidão por todos os bens
a nosso dispor, e tudo é muito farto, basta olhar em volta e agradecer. O amor da
Mãe Terra por nós é tamanho que a vida diariamente acorda em raios de luz,
festejando o amanhecer de um novo dia, e nos oferta luares e estrelas na
primavera, verão, outono e inverno. Embora sofra com a ação irresponsável de
seus filhos, a Natureza se doa constantemente em flores e frutos, sementes e
colheitas, animais e plantas, terra, água, fogo e ar. Mesmo que não descubramos
qualquer outro motivo igualmente grandioso para nos alegrarmos, agradeçamos
pela amorosa doação da Grande Mãe.
O que nos acontece precisa de nossa
gratidão também. Ainda que não compreendamos uma sucessão de acontecimentos que
dilaceram as emoções e racham feridas em nosso ser mais profundo, agradeçamos!
Nada é em vão, mesmo que não alcancemos de imediato o significado e a razão dos
fatos. Em estado de gratidão, entreguemos as amarguras ao tempo, que traz
entendimento, aceitação e faz serenar as dores, adormecendo-as lentamente até
que elas saiam do foco de nossa atenção. O decurso do tempo nos desvia do
sofrimento permanente pela lembrança viva do que doi.
Pelos amigos e por amores, tenhamos
muita gratidão! Os relacionamentos são luzes brilhantes que se acendem no
caminho, e nos abençoam com crescimento e evolução. Mas não somente a esses.
Agradeçamos aos que nos açoitaram o coração e o feriram, os que traíram a nossa
confiança e estima, a quem não retribuiu na mesma medida e com igual
sinceridade o amor e a amizade que devotamos. Todas as pessoas que cruzam por
nós têm um propósito que, às vezes, sequer elas sabem, pois esse assunto está
no conhecimento restrito do amor divino, do qual jamais devemos duvidar. Quem
nos ajuda a ser feliz merece a melhor gratidão, mas não sejamos menos gratos
com quem nos mostra a verdadeira essência que nos habita e que se revela quando
de algum modo somos machucados.
De manhã à noite, sempre que
respirarmos, manifestemos a nossa gratidão por todos, por tudo e pelo Todo a
que estamos integrados em
unidade. Nossos passos estão cadenciados com o ritmo do
caminhar de cada um nas veredas da espiritualidade. Cultivemos a gratidão por
ser quem somos e a cada ser por aquilo que ele é. Gratidão sem fronteiras nem
limites, sem medidas nem condicionamentos. Em extremado e gentil amor,
agradeçamos sem julgar o merecimento. Gratidão! Gratidão! Gratidão! Essa é a
grande magia do Sabbat Lammas.
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