sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Acabou!

Vera Pinheiro

     Por que a gente tem dificuldade de entender que uma história acabou? Que apego é esse que impede de dar um basta derradeiro, virar as costas e partir para outra (ou não, se quiser se dar um tempo de acomodação das emoções)? Por que tentar segurar uma esperança de que ainda tem mais o que viver no relacionamento, quando ele já deu o suspiro de morte e não vai ressuscitar por nada neste mundo?

     É verdade que, às vezes, a história acaba antes mesmo de ter começado, mas persiste a vontade de dar um capítulo extra para ver onde é que tudo vai parar, e revirando os olhinhos na torcida para que tenha, quando tiver, um final feliz, sem marcas, mágoas e nenhuma decepção.

     Na verdade, a gente sabe quando uma história acaba, mas se recusa a aceitar. Isso é que faz tentar de novo e se expor diante do outro, rastejando o coração por ele e implorando por uma palavra, um reencontro e outra chance de recomeço.

     Temos de enfrentar os fatos e a realidade, por mais que nos desagradem. A pessoa não atende os teus telefonemas, não responde as tuas mensagens, não te procura? Esquece, então. O que havia – se é que havia – acabou! Não arranca os cabelos por conta disso. Pelo contrário! Fica linda e pensa que o fato de ele não te procurar não te desmerece. Não dá tanta importância às escolhas dele, que não te incluem. Isso não é problema teu, é dele. Não é problema meu, tenho certeza. Porque eu sou poderosa, eu sou corajosa, eu sou um sucesso!

     Diz isso para o mais profundo do teu ser e verás que num instante a página está virada e a gente já está noutra, feliz da vida, enquanto ele continua a eterna busca da mulher da vida dele. Passou! Já era.

     Lembrei disso hoje quando hoje tive de jogar fora um vidrinho de gloss que eu amava muito. Deixava a minha boca (ainda mais) maravilhosa. Que pena. Acabou. Gostava tanto dele. Não tem importância. É possível que ninguém goste tanto dele quanto eu gostei. Mas eu posso gostar de outro do mesmo jeito. Peninha dele... Acabou. Botei fora o meu batom. E virei as costas para aquele.

Tirei o gloss do meu kit Barbie e aquele, do coração!

     A pergunta que não sei responder é: por que, depois de ter escrito isso, entro no banheiro de um shopping e toca justamente aquela canção que virou trilha sonora? Será que o cara era uma merda? Hummmm, pode ser.
     Que raiva me deu na hora. PPP. Parece perseguição, porra!

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