sábado, 25 de dezembro de 2010

Pedido de Natal (*)

Vera Pinheiro
            O que queres de Natal? O que quiseres para ti dá aos outros e receberás de volta triplicada a tua doação, mas do que deres não esperes qualquer retorno nem a mínima recompensa, tampouco escolhas a quem doar, pois coração generoso não exerce juízo para selecionar a quem transmitir o bem nem tem preferências por quem quer que seja. Dá o melhor de ti neste Natal e a vida te retribuirá em incomensurável e indizível contentamento.

            Dá amor, sobretudo amor, o mais belo dos sentimentos, dotado de extraordinário poder curador e verdadeiro calmante de todas as angústias. Amor que se derrama sobre a humanidade, esparge luz sobre o planeta, cuida das feridas humanas, orienta os espíritos flagelados, mostra o caminho do bem e devolve a paz duradoura e inabalável. Amor que consola os amargurados, ampara os doentes, levanta a autoestima, apazigua os conflitos e alivia os pesares.

            Esforça-te pela compreensão. Aceita as pessoas como elas são, não tentes fazê-las à tua semelhança, porque na fôrma de um não cabe a individualidade inteira de outro, e cada qual deve ter e ocupar o seu espaço. Vislumbra o que há de mais bonito em todos e, paulatinamente, os defeitos deles serão substituídos pela beleza das virtudes, que todos – querendo – podem cultivar.

Aprimora a tua aceitação. Aceita os fatos como eles se apresentam. Sem medo, encara as dificuldades com determinação de superá-las e crê nas próprias forças para resolveres as tuas questões e venceres os desafios que te preocupam. Faz a tua parte para que o convívio seja o melhor possível em todos os lugares em que estiveres. Segura o teu ego para que possam ser contidos os teus gritos de vaidade e para que não queiras sobrepor os teus interesses antes de ver o que é melhor, igualmente, para os demais.

Procura ser solidário. Partilha o sofrimento alheio ainda que nada possas fazer para abrandá-lo. Todos nós temos um caminho para ser trilhado com nossos pés, não com os dos outros, mas isso não impede a manifestação da mais ampla solidariedade. E se nada puderes fazer no sentido material, dá apoio para que alguém se erga sobre seus problemas e não seja por eles soterrado. Lembra-te, no entanto, que não tens domínio sobre expectativas que pertencem a outrem. Se tudo o que puderes dar for um pouco de conforto, pode ser que a tua oferta seja rejeitada. Não desanimes. Há quem precise exatamente disso e mais não queira. Segue em frente, pois, e não guardes mágoa.

Promove a paz em todos os ambientes. A paz não se faz sozinha, ela depende da colaboração de todos. Que haja paz nos corações, nas mentes e nas emoções das pessoas. Que os teus tormentos sejam acalmados e que a paz não seja uma utopia, mas uma realização possível. Pacifica-te, primeiro, e reconcilia a tua alma com as dos teus desafetos. Que teus amigos sejam em maior número do que os inimigos que esbravejam contra ti ou, pior, que tramam em silêncio a tua derrota, sem terem revelado sua face. Entretanto, não contes, de ambos, a quantidade, mas, sim, a qualidade. Verás que alguns opositores fazem por ti muito mais do que aqueles que te bajulam, perceberás que precisas gostar das pessoas para que elas gostem de ti e reconhecerás que a paz não se faz do lado de fora, mas em nosso ser mais profundo. Saberás que alguns amigos fazem o papel de inimigos, tanto te incomodam, mas que eles não sejam capazes de perturbar a tua paz. Cuida bem dela, portanto. Depois, espalha-a por onde andares e que nada a demova.

Se quiseres harmonia, é essencial que te harmonizes. Leva a alegria que tiveres a quem for ao teu encontro. Sorri com facilidade e chora sempre que comovido. Ensina o perdão com atitudes e distribui palavras de ternura, esperança e fé na vida. O aprendizado depende do estágio de evolução individual, mas não desistas do mestre que tu és, sem crer que tudo sabes, pois a modéstia enfeita e a presunção enfeia, além de ser uma ilusão que os tolos têm de si mesmos.

Neste Natal, ocupa-te menos em presentear os que privam do teu afeto e mais em vivenciar o exato sentido da comemoração. Damos o que temos e podemos dar, então, que a tua vida seja farta de valores que elevam o ser humano, que seja bom e nobre o teu coração, e que a tua gratidão por tudo o que tens e és seja tamanha que sejas invadido pela sincera necessidade de compartir o teu notável estado de felicidade.

(*) Crônica publicada na edição de 25 e 26 de dezembro de 2010 do jornal A Razão (www.arazao.com.br) de Santa Maria, RS.
             Que a paz desta noite de Natal esteja sempre conosco, e que nossas vidas prossigam sob a luz divina que desce sobre nós, trazendo-nos múltiplas bênçãos todos os dias.

Gui e Camila, vocês são o melhor presente que a vida poderia me dar.


Rê, sentimos a tua falta, mas estavas conosco no coração. Beijos, amor e fé.

2 comentários:

  1. Amiga, mais uma vez fico muito emocionada com a tua crônica de Natal. A cada momento agradeço a Deus pela benção de tê-la como amiga. Obrigada por conseguir tocar meu coração, e, de até me cutucar com palavras que me fazem refletir e tomar atitudes solidárias, permitindo-me ser uma pessoa melhor, fazendo o bem sem saber a quem. Apesar de que no fundo, bem no fundo do meu coração eu sei quem necessita do meu amor, solidariedade e compreensão. A foto por si só demonstra a grande felicidade que invadiu a tua santa celebração de Natal. Vocé é uma mãezona e uma amigona. Beijos.

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  2. Rita Helena, eu dou graças também por te ter como amiga e irmã do coração, generosa, sincera, solidária e muito, muito amada!
    Obrigada pelo carinho dessas palavras abençoadas.
    Amo tu!

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