domingo, 5 de dezembro de 2010

Humanidade cruel

Vera Pinheiro

Até que ponto a gente pode dizer tudo o que sabe e tudo o que sente? Até o limite imposto pela sensibilidade do outro, eu acho. A minha sensibilidade é muito aguçada e por isso, não raro, me machucam as palavras, juízos e opiniões alheias. Não é sempre, mas acontece. E acontece quando levo a pessoa em consideração, senão passa batido. Para quem não importa, o fodômetro está sempre ligado. To nem aí.

Não entendo por que as pessoas não fazem uma breve, que seja, reflexão, sobre o que vão dizer e avaliar por um instante se isso não vai magoar alguém.

Mas, nããããão! O povo abre o bocão sem dó nem piedade! Diz tudo o que sabe, tudo o que sente e, não bastasse isso, ainda reproduz o que os outros disseram de ruim a nosso respeito. Que merda é essa?!, diria Guigui, um gurizinho filho de amiga minha. Pois é. Que merda é essa que faz as pessoas tão cruéis?

Conheço gente especialista nisso! E por que elas me contam o que eu não gostaria de saber, o que não acrescenta nada de bom à minha vida e o que, definitivamente, não me faz feliz? Talvez por acharem que vou dar conta, que não vou me importar. Sim, há pessoas que pensam que eu sou de ferro. E às vezes sou de aço, mesmo! Preciso ser.

O meu código de conduta pessoal diz o seguinte: vou magoar alguém se contar para ela o que sei? Se a resposta é positiva, me calo. Para quê contar se ninguém vai ficar feliz com isso? Esse é só um dos exemplos em que o silêncio, realmente, vale ouro.

Depois que aprendi a silenciar sobre mim e sobre os outros passei a ajudar a construir a paz, minha e alheia. E cá pra nós, por que a gente precisa saber de certas coisas? O que isso vai contribuir para a nossa vida e para as nossas relações? A ignorância, em alguns casos, é uma bênção! Ignorar, não saber, é melhor, em alguns casos. Eu preferia não saber algumas coisas que dizem sobre mim. Não me contem, por favor. Contem apenas a parte boa! O que não presta eu dispenso, e isso vale para tudo!

Ainda bem que tudo passa. Isso também vai passar e amanhã será apenas mais uma lembrança. E uma lição de como não fazer. Faço questão de aprender com tudo o que vivo de bom ou nem tanto. Uma dica boa que as pessoas deveriam lembrar é: se fizessem isso comigo, como eu me sentiria? Colocar-se no lugar do outro nos faz desviar da prática de qualquer maldade.

Jamais quero ser má ou cruel. Quero crescente a minha humanidade, e que ela jamais seja cruel como, às vezes, são comigo.

Um comentário:

  1. Amiga,
    Faço das suas palavras minhas também. Mania das pessoas de abrirem a boca para falar besteira. Minha mãe e sua super sabedoria diz sempre:"a mesma boca que magoa pode também falar algo bom". Ou seja, calem a boca e deixem para abri-la se e somente se for pra deixar a pessoa pra cima..em alto astral.
    Bjka,
    Adriana

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