sábado, 1 de janeiro de 2011

Feliz vida nova! (*)

Vera Pinheiro
            Escancaremos as janelas para saudar a vida que nos traz o Ano Novo! Que se abram todos os corações e deixem entrar a brisa da felicidade construída com amor, compreensão, generosidade e perdão! Tenhamos paciência com os planos que não puderam ser realizados no ano passado e introduzamos neles ânimo renovado e estratégias que possibilitem a sua concretização. E que possamos desistir sem sofrimento do que, definitivamente, não deu certo nem dará, e a gente sente quando é hora de não gastar mais energia com o insucesso de um projeto, seja ele material, intelectual ou amoroso.

            Vamos repensar as ideias que não foram levadas adiante por falta de tempo ou de fôlego, e que a nossa vontade nos impulsione na direção do melhor que queremos para nós, desde que a ninguém prejudique ou faça mal. Se não pudemos, até aqui, obter tudo o que desejamos, que saibamos valorizar todas as conquistas, e não foram poucas. Aprendamos a gratidão, que abre os caminhos da prosperidade. Aos ingratos a vida não presenteia com a mesma fartura com que dota os que sabem agradecer pelos dons e bens que recebem todos os dias e a cada ano que começa.

            Assumamos o compromisso de fazer as pazes com os melhores sentimentos e de, finalmente, fazer uma faxina ampla nas amarguras, jogando fora o de que não precisamos e o que nos infelicita. O acúmulo de lixo existencial, guardado pelo vínculo ao passado de dor e mágoas, faz adoecer o corpo e atormenta o espírito. Libertemo-nos! Mas, atenção, não joguemos detritos emocionais em via pública, principalmente se estivermos na direção de um veículo! Evitemos despejá-los em alguém, ainda que seja membro da família, e jamais no colo de um amigo, que não é obrigado a aguentar de tudo, tampouco sobre a cabeça de colegas e – nunca! – sobre as chefias. O melhor jeito de nos desvencilharmos do entulho que ocupa valioso espaço na mente e, mais ainda, no coração, é reciclar, transformar, transmutar! O que for negativo, em coisas positivas; as inutilidades, no que for útil, a sujidade em asseio; a feiúra em beleza, lembrando-nos de que tudo é bom, é para o bem e é sagrado. Busquemos o lado melhor do que nos acontece e a face bela de todas as pessoas. E acreditem, isso existe!

            Hoje é dia das promessas! Façamos nova lista, porém tenhamos a humildade de deixar de lado o que antecipadamente sabemos que não há garantia alguma de que possamos levar adiante. Promessas precisam de determinação, de firme decisão e de nenhuma cobrança que nos cutuque os brios e nos irrite a ponto de abandoná-las antes que cheguem a termo. Nisso se incluem o regime sempre adiado e os exercícios físicos que ficam para a semana seguinte, dos quais apenas recordamos quando o ano termina e nada foi feito. Deixar de fumar, terminar uma relação absolutamente insatisfatória, gastar menos, não beber demais, reclamar menos, não gritar tanto, aceitar os outros, dedicar-se um pouquinho, que seja, à religião, e cumprir promessas feitas repetidamente há tantos novos começos de ano acenam de novo, na chegada de 2011. Em sendo assim, prometamos menos aos outros e façamos um pacto conosco de estabelecer prioridades e o que realmente queremos para a nossa vida. E afinal, o que queremos para o Ano Novo?

            Não tenhamos pressa! Hoje é o primeiro dia do ano inteiro que temos pela frente. Abramos os braços para receber essa visita ilustre que bate à porta! Olhemos o Ano Novo com carinho e permitamos que ele chegue sem sustos, medos e desconfianças. Abençoemos o ano velho como a um filho que segue viagem e ao que chega, boas vindas e a nossa mais sincera confiança de que ele será bom, saudável e feliz, o mesmo desejo que nós expressamos quando um bebê nasce. Assim, ao nascer um novo ano, que a expectativa seja realmente otimista, construtiva e positiva sobre o que ele será. E, claro, façamos a nossa parte para que seja como queremos.

            Na realidade, podemos almejar tudo, mas precisamos do que é essencial para que a felicidade se realize, e isso está no que podemos carregar. Quem pode suportar o peso de uma casa sobre os ombros ou o do carro nas mãos? Assim, o peito se lota do que vivemos, seja bom ou nem tanto. Que a nossa escolha seja, sempre, pelo bem, que ele não ocupa espaço. E pelo amor, que é sinônimo das bênçãos divinas que nos alegram e amparam. Feliz vida nova em 2011 para todos nós!
          (*) Crônica publicada na edição de 1º e 2 de janeiro de 2011 do jornal A Razão (www.arazao.com.br) de Santa Maria, RS.

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