quarta-feira, 29 de setembro de 2010

“Ficar” com colega

Vera Pinheiro

Amiga minha marcou encontro de última hora porque tinha urgência urgentíssima de desabafar e não podia falar por telefone. Cancelei o que faria no intervalo do almoço ontem para estar com ela. Afinal, amiga que é amiga não desampara nessas horas de aflição. Nem era caso para tanto, mas a gente não pode avaliar a dor alheia. Ou a fúria da pessoa que passa por determinada situação, como essa amiga minha.

O problema não foi causado por ela. A culpa é todinha do colega dela! Quem mandou aquele homem ser lindo, tesão, bonito e gostosão? Aliás, nenhuma mulher devia ter um colega com esse perfil nem mesmo trabalhando 12 andares acima ou abaixo, sendo da mesma empresa. Todos os homens com quem trabalhamos deviam ser muito feios, porém competentes, bons de serviço (profissional), não ter um pingo de charme e, de quebra, além de prestativos, serem fiéis cumpridores da obrigação de tratar a gente com educação e gentileza.

Feiúra devia ser uma qualidade a constar do currículo a fim de não provocar o incontido e incontrolável desejo feminino, com sobra de razões no presente caso. Colegas deviam ser gays, porque o fato de serem casados não impede que as mulheres queiram fazer uma boquinha neles. Casamento nunca foi impeditivo de relacionamento com terceira pessoa, e chega mesmo a ser estimulante transar com alguém que usa aliança no dedo, que não nos pertence. Essa é a opinião de outra amiga minha que me vem à memória. Aquela outra, como a de que falo hoje, adora saber que se alguém tem problema de consciência não é ela, que é livre, desimpedida, maior de idade, vacinada e turbinada.

Gesticulando mais do que Elis cantando Arrastão em festival, a minha amiga reclamou do modo como o bonito a tem tratado depois que tiveram uma – só umazinha - noite de sexo casual. Eles nunca mais tocaram no assunto, a coisa morreu ali. Ela tocou a vida adiante porque, aos 37 anos, não tem mais postura de virgem, tanto menos de apaixonada só porque transou com alguém. Pelo contrário, tudo continua como dantes para ela. Ou seja, não há nada além de uma noite de sexo casual com o coleguinha.

O problema é que ele começou a empatar o serviço dela, uma espécie de represália porque ela não anda atrás dele como tooooodas as que ficaram com ele. Ela só ficou. E uma vez, que mais não merece. Próximo!

No meu modesto pitaco, acho que a questão é que ele está ressentido porque ela não fez ceninha apaixonada no dia seguinte, não ligou nem cobrou ligação, não lançou olhares de peixe morto na direção dele, não ficou relembrando o episódio que, aliás, já caiu no esquecimento. “Nem foi a melhor foda que tive! Acho que ali tinha muita propaganda enganosa!”. Concordo com ela.

Homem é muito engraçado. Se a mulher corre atrás, ele foge com medo de pressão. Se fica na dela, como se nada tivesse acontecido, ele se ofende! Foi SÓ uma transa, não um convite a namoro. Acabou. Dá para entender ou precisa que desenhe e tire cópia para analisar?

Porque os homens complicam, prevalece a máxima “Onde se ganha o pão não se come a carne” (dos colegas, chefes e assemelhados). É dor de cabeça na certa. Uma pena.

2 comentários:

  1. Via de regra sempre fica esse ioiô, quando um gosta o outro se sente sufocado, até que essa pessoa cansa e a outra sente falta da atenção. Mais um caso de "insira um homem aqui e uma mulher ali" e vice-versa e veremos que dá na mesma. O ser humano no fim das contas tem que aprender a dosar sentimentos, seja se entregando ou freando expectativas que podem causar este tipo de clima chato entre as pessoas depois que ficam.

    Enfim, não sou o melhor expert neste assunto mas captei a situação.

    Beijos Vera.

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  2. Ah, eu não quero aprender a dosar sentimentos nessa altura da minha vida! Quero todos os quereres intensamente, ainda que depois reste deles apenas uma lembrança, de preferência, que seja boa. Sentimentos são para viver. Não se encaixam na superficialidade. E não há razão alguma para clima chato depois que as pessoas ficam se, afinal, naquele instante valeu, e muito.

    Beijos Clébio.

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