domingo, 9 de janeiro de 2011

Lar Doce Lar

Vera Pinheiro
            Todos os ossos me doem, cada músculo grita e até os fios de cabelo reclamam da carga pesada desses meus primeiros dias de folga no lar doce lar. Eu disse dias de folga?! Que nada! Tenho trabalhado tanto em casa que estou pensando seriamente em voltar a trabalhar fora para poder descansar.

            Estou me sentindo como alguém que chega de viagem, de volta para casa, depois de 37 anos de ausência. Pensa no que isso significa de trabalheira, que é tão grande quanto o prazer de estar aqui, cuidando das minhas coisas, sem correria. Mais ou menos sem correria, na verdade, porque quero organizar tudo para depois me dedicar a algumas coisas que penso fazer.

            Tenho me questionado a respeito de uma coisa: como é que dei conta de cuidar de casa e família, atender dois filhos, manter a casa organizada e trabalhar fora por mais de três décadas, quase 40 anos? Juro que não entendo que mágica fiz nesses anos todos. Uma semana em casa e não paro de trabalhar, de lavar, passar, cozinhar, e ainda não consegui deixar tudo como quero. Definitivamente, o ritmo mudou. Eu me aplaudo por tudo o que consegui fazer, conciliando profissão, família e assuntos domésticos sem mãe nem família perto, e sem empregada. Ufa! Só de relembrar já me canso. O fato é que estou desconfiada de que duendes e gnomos passam o dia por aqui, brincando de rebuliço. Parece que somos um batalhão de gente, tanto serviço há.

            E se agora escrevo é porque consegui uma brechinha nos afazeres. Passa das 21h e tenho um prato delicioso no forno, gratinando. Hoje trabalhei, literalmente, de sol a sol. Tem muitas vantagens estar em casa. Sempre pensei na perda de não ver o por do sol. Hoje à tardinha fiquei absolutamente encantada quando vi o céu de azul em degradé. Um espetáculo! Quantos fins de tarde deixei de contemplar? Quero fazer muito isso agora.

2 comentários:

  1. Caríssima, estou com muitas saudades!!!!
    Fico muito feliz por você.
    Somente as mulheres conseguem dar conta do recado. Trabalhar fora, tomar conta de filhos, da casa, e do marido, são atribuições que os homens não conseguem administrar.
    Estou ansiosa para saber dos teus novos planos.
    Saudade!!!!

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  2. Querida. também estou com muita saudade de ti e do nosso convívio. Concordo! Só as mulheres conseguem. O problema é que eles nem tentam! Aqui estou no duro trabalho doméstico ainda, botando a vida em ordem. O que me facilita é que não tenho marido...
    Beijos! Logo vamos nos encontrar e te conto o impublicável, tá?

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