sexta-feira, 8 de março de 2013

Dia Internacional da Mulher

Vera Pinheiro
Que cada dia seja da mulher e pleno do afeto que, por vezes, nos é concedido em doses homeopáticas quando queremos mergulhar num oceano de bem querer. Que os homens nos respeitem na mesma medida que nos amam, porque às vezes eles não sabem que há diferença nisso. Que nos percebam sensíveis, mas nos reconheçam fortes, e não nos temam exatamente por isso. Não queremos competir nem nos embrenhar em lutas imaginárias ou reais. Queremos amar e ser amadas numa convivência pacífica, para saborear a existência com gosto e gozo. Isso significa às vezes recostar a cabeça para ganhar carinho, depositar o coração nas mãos deles e deixá-los tomar conta de nossa emoção por inteiro.
Que os homens sejam compreensivos com nossa memória ancestral de guerreiras. Não somos pacíficas. Aprendemos a defender a pátria interior com a mesma tenacidade com que gerenciamos os negócios. Somos mantenedoras generosas dos que pousam a boca em nossos seios para regalar-se de alimento e de carinho, abrimos o peito para sufocar a mágoa que qualquer querido nosso nos entregue, temos o coração angustiado pela dor que aflige o mundo e damos o corpo para que a vida nele manifeste a divindade.
Sejam compreensivos com as incongruências femininas. Perseguimos a perfeição e somos complacentes com as imperfeições alheias. Perdoamos quem nos fere, mas nos é difícil perdoar quem magoa os nossos amados. Sorrimos quando precisamos chorar e choramos quando deveríamos sorrir. Falamos alto desejando sussurrar e clamamos aos céus em silêncio quando queremos gritar. Renovamos o poder feminino na sangria do próprio ser e somos capazes da entrega do sentimento total em nome do amor que sentimos. Arrebata-nos um gesto grandioso e comove-nos a simplicidade.
Nada é tão sutil e misterioso quanto ser mulher. Não tentem nos desbravar como se fôssemos mato fechado entrecortado por estradas íngremes. Não há segredos nessa esfinge que a natureza moldou e que a vida aperfeiçoa a cada instante. Há apenas que conhecer um pouco mais para amar melhor. É o que nós, mulheres, tentamos fazer em relação a nós mesmas. Somos como a essência da vida: cada dia é de renovação e aprendizado, de descobrir caminhos e de fazer a caminhada. A vida se faz intensa em nós, mulheres. Porque a vida também é feminina e, exatamente por isso, singular.

 

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