domingo, 11 de dezembro de 2011

Dia de recomeço

Vera Pinheiro

Este domingo, apesar de primaveril, foi um dia típico para foguinho de lareira, um bom vinho e cobertor por cima. Beijos e um (bem) estar de conchinha, incluídos, mereceram ser muito apreciados. Choveu bastante e o dia todo foi bem frio e nublado no nosso recanto. Foi um bom dia para ficar em casa. Em dias assim a saudade se aguça e a gente sente uma controlável vontade de saber notícias de quem ocupa lugar privilegiado em nosso coração.

Pela cara do tempo, tão estimulante a bom aconchego, achei que seria um dia perfeito para recomeçar a escrever no blog. Afinal, meses se passaram sem uma palavra... e muita coisa aconteceu nesse meio tempo. Dentre outras, o fato de estar sem internet, com os computadores pifados e sem nenhum tempo para escrever. De abril a dezembro fiquei “fora do ar”, ausente do mundo virtual, por conta de mudança de casa e de uma trabalheira sem fim em uma reforma. Passei boa parte do tempo envolvida com pedreiros, praticamente “vivendo” com eles. Afinal, batiam às 7h na porta e saiam no final da tarde. Só me livravam da presença deles à noite. Ufa. Era eu fechar os olhos para dormir e parece que, num instante, eles já estavam de volta. Foi um grande cansaço e, também, a mostra de que a minha paciência aumentou. Beirei à iluminação.

Tentei voltar a escrever algumas vezes, sem sucesso. Não conseguia estabelecer uma rotina voltada para aquilo que mais gosto de fazer. Estava em função de outros interesses, mais gerais. Precisava da velha e boa paz, do meu sossego, da minha rotina. Poxa, eu adoro rotina. Saber o que posso fazer das horas do meu dia, sem ficar entre uma surpresa e outra, vivendo de expectativas sobre o que vai ocorrer daqui a pouco, numa eterna gangorra de emoções.

Senti muita falta de escrever. Apenas consegui manter a coluna semanal no jornal A Razão, nada mais. E foi indescritível a alegria que senti quando, finalmente, consegui colocar internet em casa, depois de ter consertado os computadores da pane generalizada!

Está certo que gosto de uma vida simples, mas acho que desta vez passei das medidas. Sem tevê, sem internet, sem telefone em casa foi algo comparável a uma experiência das cavernas. Agora é hora de retomar o equilíbrio. Nem tão lá, nem tão aqui. O caminho do meio é o ideal.

E de repente passaram-se os meses e já estou às vésperas não só do meu aniversário, mas também do Natal e do Ano Novo. Como este ano passou rápido! Tanta coisa e não sei o que escolho relembrar. Muito quero esquecer, outros momentos eu quero guardar.

Mas, enfim, é hora de voltar ao recomeço – e quantas vezes eu terei recomeçado?! Onde mesmo eu estava quando me isolei da vida virtual? Onde ficou a pessoa que não tinha planejado, mas se configurou eremita? Onde foi mesmo que eu me deixei?

Vou atrás de mim por meio das palavras, esperando um feliz reencontro comigo mesma, porque, apesar dos solavancos e das ausências, ainda não me perdi de mim. Sou os meus silêncios e as minhas retiradas, mas sou especialmente o encontro revigorado com a minha essência, que adormece, cochila, mas não morre no que essencialmente sou.

Um comentário:

  1. ai que delícia lê-la novamente, minha querida Vera.... Saudade demais, ainda, mas menos dolorosa por ter a luz dos seus pensamentos pra me iluminar... beijos e um abraço forrrrte!!

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