Que cada dia seja da
mulher e pleno do afeto que, por vezes, nos é concedido em doses homeopáticas
quando queremos mergulhar num oceano de bem querer. Que os homens nos respeitem
na mesma medida que nos amam, porque às vezes eles não sabem que há diferença
nisso. Que nos percebam sensíveis, mas nos reconheçam fortes, e não nos temam
exatamente por isso. Não queremos competir nem nos embrenhar em lutas
imaginárias ou reais. Queremos amar e ser amadas numa convivência pacífica,
para saborear a existência com gosto e gozo. Isso significa às vezes recostar a
cabeça para ganhar carinho, depositar o coração nas mãos deles e deixá-los
tomar conta de nossa emoção por inteiro.
Que os homens sejam
compreensivos com nossa memória ancestral de guerreiras. Não somos pacíficas.
Aprendemos a defender a pátria interior com a mesma tenacidade com que
gerenciamos os negócios. Somos mantenedoras generosas dos que pousam a boca em
nossos seios para regalar-se de alimento e de carinho, abrimos o peito para
sufocar a mágoa que qualquer querido nosso nos entregue, temos o coração
angustiado pela dor que aflige o mundo e damos o corpo para que a vida nele
manifeste a divindade.
Sejam compreensivos
com as incongruências femininas. Perseguimos a perfeição e somos complacentes
com as imperfeições alheias. Perdoamos quem nos fere, mas nos é difícil perdoar
quem magoa os nossos amados. Sorrimos quando precisamos chorar e choramos
quando deveríamos sorrir. Falamos alto desejando sussurrar e clamamos aos céus
em silêncio quando queremos gritar. Renovamos o poder feminino na sangria do
próprio ser e somos capazes da entrega do sentimento total em nome do amor que
sentimos. Arrebata-nos um gesto grandioso e comove-nos a simplicidade.
Nada é tão sutil e
misterioso quanto ser mulher. Não tentem nos desbravar como se fôssemos mato
fechado entrecortado por estradas íngremes. Não há segredos nessa esfinge que a
natureza moldou e que a vida aperfeiçoa a cada instante. Há apenas que conhecer
um pouco mais para amar melhor. É o que nós, mulheres, tentamos fazer em
relação a nós mesmas. Somos como a essência da vida: cada dia é de renovação e
aprendizado, de descobrir caminhos e de fazer a caminhada. A vida se faz intensa
em nós, mulheres. Porque a vida também é feminina e, exatamente por isso,
singular.
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